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A cigana escritora descrita pelo poeta Drummond "Mulher Bela e Poeta. Mas principalmente Deusa"

  • Por Casa Estrelas Ciganas
  • 14 mai., 2019
É muito comum as pessoas que não nos conhecem "achar" (essa palavra deveria ser retirada da língua portuguesa por sua superficialidade) que dentro da cultura cigana em sua totalidade a mulher cigana não sabe ler e nem escrever.
E que apenas alguns homens tem essa permissão devido os negócios que precisam fazer com os "gadjós"
 ( não ciganos ). 
Felizmente hoje vamos falar de um cigana que não só aprendeu a ler e a escrever, mas dedicou a sua vida a educação e a escrita e foi admirada e respeitada pela elite da intelectualidade. Sendo inclusive elogiada pelo grande poeta Carlos Drummond de Andrade .
O nome dela , Cecília Meireles.

A trajetória de uma verdadeira fênix

Orfã e viúva cedo demais
Foi a única sobrevivente dos quatros filhos do casal.Três meses antes de Cecília nascer, Carlos Alberto de Carvalho Meirelles, seu pai, faleceu. Quando Cecília tinha três anos, sua mãe Mathilde Benevides também partiu. A menina foi criada pela avó materna Jacinta Benevides, de quem herdou o gosto pelo folclore brasileiro e a levou para aulas de canto e violino. Outra morte trágica foi a de seu primeiro marido, o pintor português Fernando Correia Dias, com quem se casou aos 20 anos, em 1921, e teve suas três filhas. Fernando se suicidou em 1935. O sentimento de angústia e de dor da escritora foi registrado em uma carta a amigos. 

fonte: htpps: //revistagalileu. globo.com/Cultura/noticia/2018/12/cecilia-meireles-conheca-sete-curiosidades-sobre-vida-da-escritora .html

Primeiro prêmio aos 9 anos
O primeiro reconhecimento de seu talento enquanto escritora veio aos nove anos e das mãos de quem sabia o que fazia. Era nada menos que o inspetor escolar do estado do Rio de Janeiro e grande nome do período modernista, Olavo Bilac. Em 1938 ela recebe o prêmio Olavo Bilac, concedido pela Academia Brasileira de Letras pelo seu livro Viagem. Apesar de um segundo prêmio da ABL, após sua morte, que reconheceu o valor da totalidade de sua obra, Cecília nunca ingressou na Academia, formada apenas por homens no período em que viveu.

fonte: htpps: //revistagalileu. globo.com/Cultura/noticia/2018/12/cecilia-meireles-conheca-sete-curiosidades-sobre-vida-da-escritora .html

Orientação espírita : Retirar um "L" do nome  = Vida Leve
A professora e poeta da Universidade Federal de Sergipe, Maria Lúcia Dal Farra, conta que a grafia inicial do sobrenome de Cecília era com dois "l"e que a mudança teria vindo após a carta de um desconhecido que se identificou como médium e sugeriu a eliminação de uma letra para "tornar a vida mais leve". A mensagem chegou em um momento de fragilidade, após o sucidío do primeiro marido e a necessidade de trabalhar dobrado para criar as três filhas. Como podemos perceber, ela acatou a sugestão.

fonte: htpps: //revistagalileu. globo.com/Cultura/noticia/2018/12/cecilia-meireles-conheca-sete-curiosidades-sobre-vida-da-escritora .html

Poeta, tradutora, escritora, jornalista e professora

Em 1919, com apenas 18 anos, publicou sua primeira obra de caráter simbolista, “Espectros”. Com 21 anos, casa-se com o pintos português Fernando Correa Dias que sofria de depressão e suicidou-se em 1935.

Casa-se novamente com o engenheiro agrônomo Heitor Vinícius da Silveira Grilo, cinco anos depois da morte de seu primeiro marido e com quem teve três filhas.

Sua atuação na área da educação não ficou restrita às salas de aula. Isso porque de 1930 a 1931, Cecília trabalhou como jornalista no "Diário de Notícias" contribuindo com textos sobre problemas da educação.

Cecília ficou reconhecida mundialmente, uma vez que suas obras foram traduzidas para muitas línguas.

Realizou diversas palestras pelo mundo sobre educação, teoria literária, literatura brasileira, folclore.

  • Em 1934, Cecília Meireles funda a primeira Biblioteca Infantil do Brasil, no bairro do Botafogo, no Rio de Janeiro.
  • No Chile, foi inaugurada a “Biblioteca Cecília Meireles” em 1964 na província de Valparaíso.
  • Em 1953, Cecília Meireles foi agraciada com o título de “Doutora Honoris Causa” pela Universidade de Déli, na Índia.
  • Em várias ilhas do arquipélago português dos Açores (São Miguel, Terceira e Pico), existem hoje ruas e praças com o seu nome. Em Lisboa, é considerada uma poeta quase portuguesa, sendo tão debatida e estudada quanto no Rio e em São Paulo.


fonte:www .todamateria.com.br/cecilia-meireles/

Poetisa não , poeta
Era uma mulher bonita, elegante, com chapéus vistosos, de abas largas, inspiradora de grandes e apaixonados admiradores, como Péricles Eugênio da Silva Ramos, Carlos Lacerda, José Lins do Rego, Murilo Mendes e Drummond.

Tinha horror a que a chamassem de poetisa. E escreveu: ''Não sou alegre, nem sou triste. Sou apenas uma poeta''

Poemas que falam do seu povo

“A tua raça de aventura
Quis a terra, o céu, o mar.
Na minha, há uma delícia obscura
Em não querer, em não ganhar.

      A tua raça quer partir,
      Guerrear, sofrer, vencer, voltar.
      A minha, não quer ir nem vir.
      A minha raça quer passar.”

Poema: "Canto Cigano”

Seus cabelos,
Balançavam com o vento.
Ela dançava,
Dançava de dia,
Dançava de tarde,
Dançava à noite.

À noite,
Enquanto os archotes brilhavam,
E punham nela muitos fulgores,
Ela sorria e sorria...

Para quem sorria?
Para ninguém.
Bastava, para ela,
Sorrir para si mesma.

Sorria...
Sufocando o pranto,
Que lhe inundava a alma.
Porque, se ela chorasse,
Todos choravam também.

E ela tinha que sorrir,
Cantar,
Dançar.
Bailando,
Como baila o vento,
Cantando,
Como cantam as aves,
Só, tão só...

E, no entanto, dona absoluta,
De todos os olhares,
De todas as mentes,
Que estavam ali.
Cada um achando,
Que era para eles que ela sorria,
Quando, na verdade,
Ela não sorria para ninguém,
Ela sorria para si mesma.

O tempo passou...
E, no vento tão forte,
Que muda a vida,
Mudando as pessoas de lugar,
Daqui para acolá.

Um dia,
Ela deixou de dançar,
Mas não deixou de cantar.
Mesmo na solidão dos pinheiros gelados,
Fazia, com os rouxinóis,
Um dueto encantado.

O rouxinol cantava de tristeza,
Ela cantava de saudade,
De dor...

Por onde andará?
Como estará a terra dos meus amores?
Aonde estarão aqueles,
Que pisam, firme, o chão?
Aonde estará o meu povo?
Será que estão como eu...
Na solidão?

Canta, cigana,
Canta...
Deixa que o vento da vida te carregue,
Que a brisa te abrace
E que as folhas te teçam arpejos,
Nos ninhos dos pássaros.

A solidão nos faz
Aprender a viver,
Dentro de nós,
Num castelo encantado.

Onde se é possível,
Chorar sozinha
E rir, feliz,
Para todos os passantes,
Caminhantes,
Andantes de muitas terras,
De muitos sonhos,
De muitas estradas.

Deixa voar,
O seu sonho de paz,
Porque, um dia, você terá.

Não chore,
Não chore, cigana,
Cante.
Porque, mesmo sem cantar,
Você encanta.
E, Mesmo chorando,
Você sorri.
Deixa o tempo passar,
Deixa as folhas voar,
Voar...
Porque, um dia,
Paz você terá!

Tenho fases, como a lua.
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha.

Cecília Meireles
Uma estrela que  parte com sua caravana

Recordando as palavras de Drummond...uma deusa.
Sim, a deusa que em novembro chega a esse mundo ( 07 de novembro de 1901 ) e em novembro deixa esse planeta Terra ( 09 de novembro de 1964 aos 63 anos ).
Deusa mulher que como ela mesmo dizia ser de fases como a nossa mãe Lua . Viveu e se posicionou em uma período de nossa história onde uma mulher não era bem vista trabalhando fora de casa e muito menos colocando sua opinião, escrevendo, criticando, palestrando....Deus-Deusa perdoados estão os pobres da ABL de sua época que no final são dignos de pena por não terem tido o privilégio de conviver com tal talento em sua instituição! 
Eles é que perderam...o povo cigano não.
Ao povo cigano fica o orgulho de ter entre seus filhos uma figura tão digna quanto bela que com certeza inspirou e inspira toda uma linhagem de artistas das palavras com o dom de tocar nossas almas através do amor vestido de letras.

A mim, Dalillá, só posso dizer que inspirada estou para iniciar o registro do legado da Casa Estrelas Ciganas....e que a Deusa e o Deus das letras iluminem meu caminho.

Deixo a vocês uma última frase dessa cigana calom que acreditou na vida como poucos.
Dalillá Ferrari


Não seja o de hoje.
Não suspires por ontens....
Não queiras ser o de amanhã.
Faze-te sem limites no tempo.

Cecília Meireles

Casa Estrelas Ciganas

Por Casa Estrelas Ciganas 08 dez., 2019
Fake News...não é um problema dos tempos modernos... Infelizmente já existe há milhares...milhões de anos...
Por Casa Estrelas Ciganas 07 jul., 2019
Esse post tem o intuito de falar da magia na alimentação. E o respeito que as pessoas precisam ter ao lidar com certos elementos.
Por Casa Estrelas Ciganas 22 jun., 2019
Esse post tem como objetivo fazer as pessoas a sair da caixa e pensar . Muitos acreditam até hoje que os ciganos são originários da Ìndia, mas todavia esquecem detalhes que foram ao longo do tempo colocados de lado, mas que fazem toda a diferença.
Por Casa Estrelas Ciganas 13 jun., 2019
Esse post é dedicado aos primeiros ciganos que existiram na semana de Salomé. Os ciganos do deserto...que bem antes de Moisés já existiam.
Por Casa Estrelas 05 jun., 2019
Esse post é para levar as pessoas a "sair da caixa" e perceber que a riqueza do povo cigano foi levada até ao ponto mais extremo do planeta e que sim, temos ciganos de origem oriental como China e Japão. E sim, podemos bailar com seus leques, lenços sombrinhas...
Por Casa Estrelas Ciganas 29 mai., 2019
Esse post é para falar de Santa Sara . A padroeira do povo cigano.
Por Casa Estrelas Ciganas 22 mai., 2019
Esse post tem como objetivo informar que independente do que se pense sobre a povo cigano com relação a estudar, tivemos um cigano dinamarquês não somente estudou como também conseguiu um prêmio Nobel na linha da saúde: August Krogh.
Por Casa Estrelas 08 mai., 2019
Dedicado a falar do extraordinário exemplo de superação de uma das figuras que faria de sua arte uma nova forma de jazz : Django Reinhard. Cigano Manush que morreu aos 43 anos deixando um legado : Jazz Manush.
Por Casa Estrelas 01 mai., 2019
Carmem Amaya , a cigana da cidade de Barcelona que aos 6 anos já encantava com o apelido de 'La Capitana' e já era famosa, e aos oito estava se apresentando no Palace Theatre de Paris. Traz uma demonstração claro que o amor do bailado e a arte dentro da tradição cigana vem da grande magia do universo, do amor pela vida. Um verdadeiro milagre chamado amor.
Por Casa Estrelas 24 abr., 2019
Esse post é dedicado a abrir a mente das pessoas e principalmente o coração a acreditar que existe uma força maior divina e que quando há o amor e a vontade nada pode impedir que consigamos o que desejamos fazer.
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