"O milagre cigano da música do silêncio"
- Por Casa Estrelas
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- 24 abr., 2019
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Hoje trazemos a você uma história incrível e digna de servir como espelho de uma cigana que vive hoje em nossa época.


Bailaora Cigana Antonia Singla Contreras - La Singla
Sua mãe, Rosa, também responsável por seus outros 17 filhos, decidiu lutar pela filha e depois de levá-la a inúmeras consultas médicas, todos concordaram com o diagnóstico: a menina era surda-muda. Apenas um deles lhe deu uma única probabilidade, Dr. Ramos, que lhe garantiu que se a menina tivesse uma chance remota de falar em algum momento, seria depois de 7 ou 8 anos, se não, ela deveria perder toda a esperança e definitivamente. De fato, aos 8 anos, Antoñita falou com a surpresa dos moradores de Somorrostro, que a conheciam pelo apelido de "la múa".

A dança que surge da alma

fonte: wikipédia
Ela via sua mãe bater as palmas e ia assimilando o ritmo e transformando-o em um baile cheio de " duende "e de sentimento. Aprendeu a bailar rumbas, sevilhanas, enfim e começou a deslumbrar e emocionar a todos que a viam bailar. Algo único e mágico.
Carreira artística internacional e apontada como " sucessora de Carmem Amaya"

Aos 12 anos de idade começou a bailar nas tabernas de Barcelona e seu talento a levou a Paris, Berlim entre outras cidades, inclusive no continente americano.
Participou de um projeto junto com Paco de Lúcia, Camarón de la Isla entre outros em 1960 de flamenco gypsy que deu força para que se pensasse em investir mais em festivais de flamenco. O interessante era que La Singla se tornou mais conhecida fora da Espanha.
Atriz
Em 1963, ela participou como atriz e dançarina no filme Los Tarantos , dirigido por Francisco Rovira-Beleta e dirigido por Alfredo Mañas. Carmem Amaya a conheceu nesse filme.
Velhice
Devido a outros problemas de saúde relacionados a tireóide , sua carreira não foi longa e ela se retirou dos palcos bem cedo aos 29 anos. Mas o viveu o suficiente para se realizar como artista.
Hoje, La Singla vive longe dos tablados tranquila com sua família.

Trechos de uma entrevista de março de 2015
Foi muito feliz apesar de não ouvir e não falar?
Sim , me chamavam " la múa", não disse nada até os 14 anos. De bebê tive uma infeção que danificou meus tímpanos e então disseram a meus pais que eu seria surda e muda.
Sim, ela era estupenda e gostava muito de mim. Gostava de me ver bailar e queria me levar para América, mas eu era muita jovem e não me deixaram. Me disse que eu seria sua sucessora.Nós duas nos pareciamos, porque éramos de famílias muito humildes e simples e bailávamos com muita força.
Quando estiverem se sentindo fracassados e com o mundo todo contra vocês , sem forças para continuar lembrem desse menina cigana que desafio e encantou o mundo bailando sem ouvir com os ouvidos externos , mas com os ouvidos da alma. Sentindo a vibração com o coração. A conexão com os deuses, com seu interior a fazia grande nos palcos e sua luz brilhou.
Deixou para vocês uma apresentação dela junto com alguns grandes músicos do flamenco de nossa época.
Optchá!
Dalillá Ferrari
Casa Estrelas Ciganas
